domingo, 12 de maio de 2013

O Rio de Janeiro, fevereiro e março.

Minhas impressões sobre o Rio de Janeiro me fazem lembrar a todo momento da poesia "Ruas" do Drummond. Já que hoje estou escrevendo com a luz, o poeta é que dará palavras às imagens.



Por que ruas tão largas? Por que ruas tão retas?


Meu passo torto
foi regulado pelos becos tortos
de onde venho.



Não sei andar na vastidão simétrica
implacável.


Cidade grande é isso?


Cidades são passagens sinuosas
de esconde-esconde




em que as casas aparecem-desaparecem
quando bem entendem


e todo mundo acha normal.


Aqui tudo é exposto


evidente


cintilante. Aqui


obrigam-me a nascer de novo,
desarmado.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

só a poesia salva?


me confisco entre os rastros
monstros da noite
caleidoscópica visão do ápice.
rasgo as palavras como rasgo panos
trapos
de indigestos
inflamados
antigos atos -
na ata da vida, somos todos
assinaturas tortuosas.

eu quero da luz
a visão de feixes

e recair
calada
deitada
na imensidão do seu colo escuro.

*


quando peço que venha
tanto quanto não peço
não vem.
não escuta meu pranto
não pensa na ânsia
não vê o excesso de lucidez.
re-leio os grandes
médios
pequenos
e o corpo não fala
não transmuta
não poesia.

*

Dentro de cada
qual seja o que ali
apita
Desavessa-te a face;
da carne pungente
se liquefaz.
Minha voz irrequieta
enquanto vinda de
cantos - Talvez pontes
Respira o vento
passadouro
dos verbos conjugados.