quinta-feira, 13 de junho de 2013

O mais do mesmo: apreensão sobre as manifestações contra as tarifas de ônibus.

A minha cabeça está fervilhando de pensamentos, o corpo afetado. São tantas as imagens e as palavras sobre as manifestações contra o aumento das tarifas de ônibus. E que ao mesmo tempo não é apenas contra o aumento da tarifa: é algo bem maior. É uma expressão da insatisfação como um todo: transporte público, educação, saúde, lazer sucateados e caros (caso você queira um serviço de qualidade - que muitas vezes é até questionável. digo, a qualidade dos serviços caros). Pouco entendo de política, economia, história (sim, história). Como diz Adélia Prado: "Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina". E aqui estou.

Essa semana li em um blog/jornal chamado A Folha do Gragoatá uma postagem com a diva absoluta Laura de Mello e Souza respondendo ao questionamento: Por que estudar História? (aliás, foi divulgado nas redes sociais essa semana que esse curso está entre os menos promissores. jura?). Vou colocar aqui alguns trechos nos quais a historiadora tenta responder ou, ao menos, refletir sobre.

"Mas a História é, tenho certeza disso, uma forma de conhecimento essencial para o entendimento de tudo quanto diz respeito ao que somos, aos homens. Os humanistas do renascimento diziam que tudo o que era humano lhes interessava. A História é a essência de um conhecimento secularizado, toda reflexão sobre o destino humano passa, de uma forma ou de outra, pela História. (...)

A História é fundamental para o pleno exercício da cidadania. Se conhecermos nosso passado, remoto e recente, teremos melhores condições de refletir sobre nosso destino coletivo e de tomar decisões. Quando dizemos que tal povo não tem memória – dizemos isso frequentemente de nós mesmos, brasileiros – estamos, a meu ver, querendo dizer que não nos lembramos da nossa história, do que aconteceu, por que aconteceu, e daí escolhermos nossos representantes de modo um tanto irrefletido (...)

Não acho que se toda a humanidade fosse alimentada desde o berço com doses maciças de conhecimento histórico o mundo poderia estar muito melhor do que está. Mas a falta do conhecimento histórico é, a meu ver, uma limitação grave e, no limite, desumanizadora. (...)

Portanto, volto ao início, à diversão, e acrescento: o conhecimento histórico humaniza no sentido mais amplo, porque ajuda a enxergar os outros homens, a enfrentar a própria condição humana.●"



Pensando no por quê de se estudar história juntamente com os inúmeros comentários e imagens sobre a legitimidade ou não das manifestações, penso que aquela antiga frase permanece verdadeira: nenhum Governo quer um povo instruído, porque pensar é um instrumento poderoso. Quem quer sofrer desequilíbrio na sua zona de conforto ganhando bem enquanto tem gente passando fome ou comendo o pão que o diabo amassou (juro que não sei o que é pior), passando frio, sendo dizimadas, etc etc etc. 










Hoje, caminhando pelas ruas do Rio de Janeiro me deparei com uma exposição de fotos de Ouro Preto. Se chama, acredito, "Ouro Preto não postal", com imagens de um cotidiano pacato, repleto de poesia. Mas tinha um escrito no papel que me chamou a atenção. Não sei se a citação está certa, nem a referência. Dizia o seguinte:

Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem. - Rosa de Luxemburgo


Realmente. E deve ser por isso que tem muita gente falando merda. Essa bagunça toda por causa de 20 centavos? Vândalos prejudicam o trânsito? Ai ai.





Outra leitura que fiz e achei muito boa, tão boa que nem dá pra ficar separando trechos, se não vai variar plágio, é da Clara Averbuck

"Será que ainda tem como ignorar essa insatisfação?

Segundo, me recuso a achar isso normal e acabar vivendo essa situação cotidianamente até acreditar que só ela existe. Se toda semana um policial me tocar uma bomba na cabeça e eu achar isso normal, vou acabar acreditando que o problema são os policiais, feito muitos policiais acreditam que o problema sou eu. Mas não. Eu e esse cara que me intimida e agride (até por ter apoio do Estado para isso) temos mai$$ em comum que ele consegue lembrar. E eu não quero esquecer isso, só por não concordar com as posições dele. (...)

Porque não é normal violência e abuso policial em uma manifestação legal. Porque se ninguém se responsabiliza por nossa idoneidade física, nós temos que fazer."

Sei que não estou escrevendo nada que vocês (caso exista um grupo de leitores) já não tenham lido por aí. Mas é que me afetou de um tanto, e me encheu de orgulho de ser brasileira. E aos que possam vir criticar falando sobre o atentado ao patrimônio público, vou me apropriar da frase de uma pessoa X que li no Facebook: "se essa multidão de pessoas tivessem cometendo vandalismo, aí sim seria trágico". É tipico da mídia dar informação distorcida e compactar/marginalizar uma série de ações. Uma postagem do Eu me chamo Antônio de hoje foi genial:



Enfim: me deu o maior orgulho de ver essa galera toda nas ruas. De arrepiar. Mesmo que eu tenha só visto por vídeos, imagens dizeres. Tá, eu sei que é feio. Talvez eu não esteja no grau evolutivo dessas pessoas, mas fico feliz com a atitude e com a diferença. Toda manifestação já é uma perspectiva de mudança.





Ps. imagens Rio De Janeiro/São Paulo retiradas em páginas aleatórias do Facebook.