Na influência do meu antigo
sempre quando é nunca
porque o passado não traz.
Estava inscrito num banco de uma das passagens. Lamentou não ter caneta para anotar. Assim, na falta, utilizou-se de seu sistema memorialístico capenga mediante todas as extensões: caneta, papel, gravador. Quem haveria escrito, questionou. E, mais: por quê? Lembrou-se da Regina cantando Belchior em um dos passeios de bicicleta. Era inevitável: os antigos sabiam das coisas. Seja roupa que não sirva, seja o que não se traz. O passado evoca, cá dentro. E se ressentir é re-sentir e, portanto, sentir de novo, nada se iguala à possibilidade (inexistente) de se ter efetivamente, de agir sobre mais uma vez. E, se tivesse, assim o seria? Melhor - faria?
Caminhou por outras passagens buscando registrar qualquer mínima inscrição. Intitularia: a poética na rua. Talvez das ruas, ou o escrito das passagens. Deixou para se ater no supérfluo depois (qualquer coisa seria segundo plano ou quase-sem-importância tendo como corpo as transgressões do tempo na vida, ou da vida transgredida no tempo)
Parou para descansar em um café com bandeiras de inúmeros países. Com lamento - mas um fundo de felicidade clandestina - pensou que nem todos, os vários de vários [países], poderiam traduzir as inscrições e, caso pudessem, talvez não o fariam de modo a compreender sua complexidade. Pediu o de costume e observou a vidraça, esperando o mais um dos tantos que encontrava e se envolvia e enjoava.