Joaquim, sem mais nem menos, partiu naquele trem
das três da tarde, com exatamente quatro pertences na mão:
nada que tivesse sido meu em vida e vida.
entretanto, por pura brincadeira desses destinos tortos
atribuí a cada um deles algo que de mim nada tinha.
dentro do pano preto, bordado em roxo verde
dobrado cuidadosamente,
estavam seus bens para a vida toda -
pimentas guardadas com o tempo, fios cobres,
um incenso de canela e, raríssimo, pó de cometa
de anos raiz sem origem certa.
levou junto ao peito como se fosse coração coroado.
pensei que fosse o meu.
não era.
o que eu ofereci em uma bandeja, rodeado por folhas
orvalhadas do jardim
ele deixou na madrugada fria, à espera dos filhotes
de lobos que estavam ali, cantando a lua esperada.
eu não sabia - coração não se oferece.
"eu não sabia - coração não se oferece."
ResponderExcluirBárbaro! Bárbara!