Sentado no banco, fenecia e
pensava: talvez lhe restasse algo escondido entre as gavetas do quarto, entre
os buracos da parede, entre tantos sins e nãos em meio a um mísero talvez.
Talvez. Naquela altura do sol e os dias acumulados em folhas de calendário e memórias, já não sabia se procurava ou conformava. Entretanto, as possibilidades não escapavam ao seu cérebro ainda ativo e cada linha que desenhava à caneta gerava mais perguntas do que saciava a vontade de escrever. Devia ser sina, dom, passatempo transformado em habitus.
Talvez. Naquela altura do sol e os dias acumulados em folhas de calendário e memórias, já não sabia se procurava ou conformava. Entretanto, as possibilidades não escapavam ao seu cérebro ainda ativo e cada linha que desenhava à caneta gerava mais perguntas do que saciava a vontade de escrever. Devia ser sina, dom, passatempo transformado em habitus.
Aquele anjo do Natal não fez a visita. Não o fez rever passado presente futuro, nem desvendar o mistério do planeta. Não o fez mudar, perdoar e mais uma quantidade de verbos decorrentes desse encontro repentino com a vida, em suas variadas perspectivas. Porque para mudar de rumo, precisava ao menos de uma ajuda. Vê-se que não era ateu.
Desapontado, resolveu ele mesmo fazer sua retrospectiva. Pegou na estante caixas de fotos e cartas, papel de cartas, contas, recibos, fitas, negativos. Examinou cada um como fonte primária da sua pesquisa sobre ele mesmo. Buscava o mal secreto.
Depois de muito pensar, re-sentir, repassar cenas já vividas – outras, inventadas –, com os olhos baixos, disse:
- “Eu nem lembro mais quem me deixou assim”.
E nenhuma lágrima daqueles olhos caiu.
lindo!
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