quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Da mediocridade dos escritos.

Em dia de leme torto, qualquer razão, qualquer conforto, era meu crânio triturado em meio ao barulho ordinário. Começou a escrever palavra a palavra como se vomitassem impropérios, embora sussurrados, em seus ouvidos. Resolveu aceitar e transcrever, ficando, assim, com os créditos da autoria. Era  um escritor medíocre, de uma cidade medíocre, pertencente a círculos de amizades medíocres em que se faziam grandes encontros medíocres semanalmente para discutirem a mediocridade de seus medíocres escritos - embora, em suas conversas, tratassem como obras raras em meio à modernidade corrompida. Acredito que talvez eles percebessem que os corrompidos também eram eles, seja na orgia, hipocrisia, tantas ias e idas e voltas. Mas, quem nunca cuspiu para cima, não é verdade?

Resolveu escutar a voz novamente. Sem escrúpulos os sem destinos que averiguam as águas desoladas da imensidão, te corrompem, te compram, te desmantelam em suas próprias vestes e vestígios; talvez te fosse mais sereno desistir do barco, e espiar os pardais e seus trajetos. Não conseguia captar sentidos, mesmo que des-co-nexos, em cada verbete. Nem ao menos o faziam remeter a algum escritor favorito. 

Em que destino decapitado esqueceu suas promessas? Talvez um tanto comum te pareça a imaginação não florida, deflorada de cânticos pagãos. Nem preparado ou atordoado, que se mantenha na ignorância das vozes, do sussurro, que contorcem vísceras e decrepitam sonhos.

Assustado, resolveu por pegar no sono, e andar por caminhos já percorridos.

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