domingo, 27 de janeiro de 2013

Mostra de Cinema de Tiradentes - Viajar é para dentro.

Nos últimos três dias fui para a Mostra de Cinema de Tiradentes. Tem, pelo menos, uns cinco anos que digo em alto e bom tom "quero ir um dia". Era sempre um problema ou desculpa: falta de dinheiro, preguiça, permissão dos pais. Em setembro, eu e mais duas amigas combinamos de ir.
De começo pensei que seria só, me perdoem o termo, fogo no rabo. E até semana passada eu estava pensando em desmarcar. Acabou que no fim, a viagem de nove horas (Paraguaçu-Varginha-Lavras-São João del Rey-Tiradentes), valeu muito a pena. E fico muito feliz por, desta vez, não ter encontrado nem problemas, nem desculpas.
Para quem veio (tá, sei que esse blog não é lá muito popular) ler resenha sobre o festival talvez não saia da leitura feliz ou realizado. Resolvi contar dos dias com imagem e poesia. Porque viajar é sempre pra dentro.

Varginha, 24 de Janeiro de 2013

Em todo canto
na prece
no pranto
é minha voz que ecoa mundos
antes sonhados
E na luz mediada
Nas curvas, retas
estradas
Todo caminho é meio

*

No dia desse quase torto
de estrada em enxada
tracei meu destino.
Como o que já não se espera,
entrou na contramão do mapa.
Perdeu destino traçado;
ganhou a vida.


 Lavras, 24 de Janeiro de 2013

Quando ele se separou de si
aos dezessete anos dos seus dias
percebeu que adiante até ali
era mistério.
Condescendente que era
deixou as cartas, búzios
mesmo antes, difusos
às novas sortes de vento e chão.

Frágil. Como se o mundo bordado em suas mãos fossem como as linhas mais delicadas do reino. A cada vez que agulha passava, não lhe saía sangue, mas água perfumada de lavanda. Talvez fosse mistério da medicina, ou algum milagre de dia de Santos. Eu preferia acreditar que ela, enquanto anjo, disfarçava de menina.







São João del Rey, 25 de Janeiro de 2013

Nos entrelaços da sua mão
uma vida e mais outras
a eternidade te faz voltas,
cirandas em seu corpo que o universo abriga
em seu ritmo nunca fatigado.
Talvez te fosse aquela luz
que no meio do cansaço
segue nas retas
nas curvas
quebrando galhos,
ossos e o vento que atravessa a noite.
Te escrevendo,
como se fosse em trilhos,
as palavras se desdobram, intermináveis.


Tiradentes, 26 de Janeiro de 2013

No descampo desse céu
como que água invertida
venho de longe
de casa
da vida de intermináveis voltas.
Eu me esqueço do tempo
tragando a invisível ferida.








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