Era uma vez uma menina. Era uma vez uma menina cheia de sonhos.Era uma vez uma menina triste. Como se não bastasse ser menina. Como se eles - onírico - não fossem o suficiente. E não eram. E assim começa a história...
Era uma vez uma menina triste, mas cheia de sonhos. A tristeza já formulada em seu corpo infantil tinha raízes jamais antes observadas - ao menos em alguém como ela, uma menina. Ela cresceu. Mais alguns centímetros, quilos na balança. Ela envelheceu - só na cabeça. Cresceu. Mais alguns centímetros. Parou. Menstruação.
Parou. Do quarto um templo. Dos livros, um guia de oração. Não acreditava nas imagens, até conhecer os filmes. Até se apaixonar pela fotografia. Pela pintura. Sobretudo, a fotografia - a arte de escrever com a luz. Mas, ainda, era uma vez uma menina.
Um dos seus sonhos - o mundo. O maior deles - o amor. Com a idade, percebeu que só ele a resolveria. E, ainda com a idade, percebeu que apenas ela tinha esse poder, e não um verbo. Assim como um crente diante do milagre alheio, ela preferiu ignorar a conclusão. Porque o maior deles - dos sonhos - não era real. Mas as cartas de tarô prometiam. E o destino estava lançado.
E o destino se cumpriu. De samba a quatro, enfim, a dois. Sem mais depois. Já era amor.
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