Menino,
queria te escrever palavras mansas. Embora com o coração frágil, de vidro, ele se faz calmo no agora. Para tentar te escrever. Menino, eu estive muito feliz um dia. E ele se parece tão longe. Cada dia era um sorriso diferente que eu me descobria. Como uma criança que descobre esses mecanismos fantásticos do corpo. Depois eu fiquei triste, Menino. Mas tristeza a gente sempre vê demais. É exibida. Já a felicidade...quando percebe, já se foi. E como deixa um gosto bom no céu da boca. Mas nesse dia que eu fui feliz, me lembro muito do seu sorriso. E, por isso, fiquei mansa para te escrever. Ou te escrevo e vou amansando aos pouquinhos. Mas só de pensar em você sou feliz de novo. E também triste. Mas tristeza a gente sempre vê demais, né? Então não se acanhe quando eu falo de tristeza. As circunstâncias deixaram a gente assim. Sempre me dá uma vontade de voltar atrás. Mas bom é estar onde se está e ser o que se é. Só não vale ficar parado. Eu te ajudo, se não conseguir se mover. Menino, os dias começaram a me anoitecer. Você sabe como acredito nos astros. Naquele jornal que eu sigo as previsões não andam muito boas. E é por isso que eu me apego nas reviravoltas, como uma carta por debaixo da manga. Tenho dessas espertezas, vez ou outra. Vejo que não escrevo coisa com coisa, como se as cartas necessitassem de precisão. Não precisam. Alguém me disse isso uma vez. Não tenho sono, Menino, mas amanhã o dia pede pra raiar bem cedo. E te esperar me angustia. Não no agora. Mas acredito que daqui há algum tempo sim. Então prefiro te dar boa noite. E te abraçar amanhã. Sem nenhuma dor.
Com todo meu coração,
Menina.
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