O amor me estragou a saúde com os
seus sonhos. Estragou-me alguns deles –
os sonhos – com a irresoluta frieza do não. Desfez-me em pedaços covardes,
entre três cortes de baralho. O amor me tranqüilizou a alma, quando amado. Implantou
o caos, quando mal-me-quer. Correu quilômetros, correu saudade, correu cheiro
da respiração ao se acordar. Fez-se sono. Esquentou meus pés e refrescou o
corpo, quando a vontade se fazia. Beijou a pele. O amor me corrompeu a
sanidade. Hospitalizou-me. Psiquiatras não desvendaram meu caso. O amor me intrigou, ignorou, com as suas
várias formas de amar. O amor me despejou, rompeu contrato, se fez único, se
fez mato. Se fez distante entre as enormes distâncias já estabelecidas.
Destituiu minha paz. Comeu minha fome de mundo. Se embebedou de vinhos que meus
não eram. Fez que não sabia. Fingiu não ser. Mentiu. Subiu pilares, pedestais
onde a mim não cabia. O amor se fez caduco. Conjugando verbos não
conjugados. Fez-se presente, com a
beleza do instante que não se quer findar. O amor se fez triste. Desentendido.
O amor desistiu de mim, com carta, voz e endereço.
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